Páginas

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Entrevista: Recursos Humanos em Saúde


Entrevista: Recursos Humanos em Saúde

Entrevista: Recursos Humanos em Saúde
Nos dias 22 e 23 fevereiro, o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) promove o curso Educação e Qualificação dos Profissionais de Saúde. Para falar sobre o crescente investimento das instituições de saúde para qualificar e profissionalizar a gestão e os talentos, entrevistamos o instrutor do curso, Paulo Sales.
Mestre em Avaliação pela Fundação Cesgranrio, com MBA Gestão em Saúde pelo COPPEAD e extensão pela Universidade de Barcelona (Espanha), e especialista em Gerenciamento de Ambiente e Segurança Hospitalar pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Sales também adiantou alguns pontos que serão abordados no curso. Acompanhe abaixo.
CBA – Como a seleção e a qualificação de profissionais impactam na qualidade de uma instituição de saúde?
P.S. – São etapas decisivas para a solidez, o equilíbrio da trajetória institucional e a consagração de suas competências. Compõe a gestão de pessoas, este desafio estratégico das corporações atuais diante de nuances no cenário competitivo, da velocidade com que surgem doenças e as tecnologias.
Figuram em um processo complexo e singular. Um ativo de cunho estratégico, lastreado em políticas e procedimentos para a capacitação dos gestores organizacionais, não apenas para o exercício técnico. Vale reexaminar a efetividade das soluções organizacionais/gerenciais obtidas através de iniciativas técnico-científicas assistenciais.
A instituição pode induzir o manejo de seu cabedal mediante a identificação e construção de habilidades compatíveis com seu foro na visão corporativa.
CBA – Como uma instituição de saúde pode motivar seus colaboradores a estarem comprometidos com a qualidade do serviço prestado?
P.S. – Conduzindo-os ao conhecimento sobre a corporação, à compreensão de responsabilidades e da consequência de suas condutas. Exercitando a disciplina funcional atrelada aos programas de governo institucionais, aplicando atividades de ensino e de monitoramento permanentes. Nestes casos, cuidando para que sejam efetivas tanto pela escolha de escolas e consultorias qualificadas quanto pela qualificação e pertinência das próprias atividades. O tratamento dos eventos adversos e a valorização dos exemplos de boas práticas devem estar consagrados.
CBA – Há diversos relatos de que o corpo médico é o que causa maior barreira para seguir os processos da qualidade. Como as instituições podem lidar e reverter essa situação? Criar uma nova metodologia de remuneração por indicadores alcançados é a melhor saída?
P.S. – Devemos compreender processos de qualidade como um resultado de responsabilização e disciplina funcional. As barreiras podem ser percebidas nos stakeholders. Elas resultam, em tese, da interferência da qualidade pessoal sobre a profissional. As maiores barreiras ou as mais significativas são impostas pelos diversos tipos de profissionais e estão em todas as esferas de governo da instituição de saúde. Se não focarmos os aspectos das qualidades pessoais, individuais ou, ainda, das posturas, ambas implícitas nos conteúdos dos códigos de ética profissional, creio que uma das origens das barreiras seja a fragilidade dos processos gerenciais aplicados aos sistemas de trabalho que não inovaram. Aceitam justificativas culturais e claudicam na proteção da prática profissional e nos exercícios de desempenho institucional. As fronteiras de responsabilidades podem estar tênues e a accountability measuresainda não é consciência ou consenso dos profissionais, independentemente de sua posição hierárquica. E isto deve inspirar atividades de ensino sistemáticas. Indicadores são importantes e a remuneração é fundamental. Serão vetores de prosperidade quando precedidos da modernização dos protocolos de governo e de negócios.
CBA – Como as instituições de saúde podem investir na educação continuada de seus profissionais?
Paulo Sales – Mediante seus planos de governo ou de negócios, as metas de produção e de qualificação. A corporação deve formalizar decisões nutridas nas revelações sobre sua força de trabalho. Deve identificar as possibilidades de retorno diante dos recursos previstos para as demandas apuradas. O investimento, não apenas financeiro, deve ser continuado tanto quanto a educação. Iniciativas interessantes são percebidas nas instituições que abrigam atividades de ensino e pesquisa no âmbito da assistência.
CBA – Há uma “fórmula” para fazer pesquisa de clima institucional? Qual o melhor momento para realizá-la?
P.S. – Não tenho percebido êxito em uma conduta universal ou um protocolo matricial. Alguns cuidados podem favorecer o aproveitamento das informações geradas. Obedecendo as especificidades da instituição, a pesquisa de clima pode receber instrução desde o esboço de suas abordagens e instrumentos. A aplicação em momentos especiais pode render insumos, mas a probabilidade de êxito com sua aplicação contínua, em âmbitos selecionados, pode ser ampliada quando tornada uma ferramenta de gestão e um permanente canal de comunicação. Pesquisas de clima devem ultrapassar a confirmação daquilo que já é percebido.
CBA – Profissionais bem formados são disputados por um mercado cada vez mais acirrado de saúde. Como reter talentos?
P.S. – Podemos retornar a alguns termos acima citados, quanto às questões de qualificação e profissionalização dos dispositivos gerenciais, por exemplo. A potencialização ou a retenção de talentos pode resultar da convicção sobre parâmetros e responsabilidades, da proteção do trabalho e segurança do sistema, as perspectivas de utilidade do profissional na trajetória institucional e a confiança em seus dirigentes, tanto sob aspectos técnicos quanto éticos.
CBA – Em qual momento as instituições devem ‘repreender’ ou promover seus talentos?
P.S. – Um ‘talento de fato’ não dará motivos para repreensões, mas sim aconselhamentos. Ele mesmo será capaz de gerar elementos para as decisões sobre as iniciativas, inclusive as promoções. A maturidade institucional consegue reduzir as incertezas sobre estas decisões.
CBA – Qual o conteúdo do curso que ministrará no CBA?
P.S. – As estratégias têm rotulado iniciativas como a gestão de competências ou do conhecimento ou de talentos, transformação cultural, gerenciamento da comunicação e a ambiência. São aplicadas mediante políticas e procedimentos orientando a preparação de sucessores, o reconhecimento profissional, mensuração de desempenho e as contribuições individuais e em grupo.
Com ênfase na metodologia JCI, o curso instrui o planejamento do complexo de educação e qualificação de profissionais, com vistas à modernização do gerenciamento da força de trabalho, assim sendo capaz de garantir cuidados em operação segura para os profissionais e os pacientes. Contempla aspectos da ambientação e posturas pessoais, credenciamentos e monitoramento profissional. Aborda o quotidiano quanto às suas influências sobre o desempenho, destacando aquelas que ainda não são tratadas formalmente ou institucionalmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário